Deixa eu te consertar

Tenho categoria para querer o complicado. O difícil. O improvável. Se meu coração fosse de exatas, diria: entre expressões algébricas e a soma mamão com açúcar, fico com a primeira opção – o fácil me incomoda. Quero o machucado, o embriagado, o que já desistiu dessa balela toda de felizes para sempre. Já se ferrou na vida amorosa? Cuidado! Posso te querer. Posso querer consertar essa sua visão torta do amor. Posso querer te fazer sorrir de novo.

Sei que você já dormiu dezenas de noites encharcada de vinho barato e acordou com olhos inchados. Sei também que sempre diz que é só ressaca quando lhe perguntam o motivo dos olhos inchados. Sei que você ainda tem diálogos longos com seus fantasmas e que talvez, goste disso, apesar de te torturar. Não tem problema, viu? Entendo que é difícil enterrar o passado quando este foi bom, ou quando não foi resolvido. A dúvida põe a gente numa saia justa, menina. A gente nunca sabe se segue ou se espera.

Mas ó, se você ficar, prometo cafés e corpo quente. Troco City and colour pelas bandas dos anos noventa que você tanto ama. Aprendo a fazer o seu prato preferido e levo seu cachorro para passear aos domingos – para você: o melhor de mim, sempre!

Você só precisa me prometer uma coisa: promete que não vai abandonar o barco quando a maré subir? Promete que não vai cutucar a ferida – que vai deixar cicatrizar, por mim e principalmente por você? Porque se não for assim, corro risco de naufragar. E aí, quem vai precisar de conserto sou eu.

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