Os cacos e as promessas da minha vida

Você e eu parecíamos um só. Era seu cheiro no meu corpo e meu corpo no seu abraço. Minha boca no seu ouvido dizia o clichê mais sincero: “Eu te amo, amor”.

Na minha estante, meus livros do Carpinejar e os seus de exatas. No seu quarto, um porta-retrato com uma foto nossa – aquela primeira que tiramos desde
que decidimos andar de mãos dadas na rua.

Éramos um só. Nossos planos, nossa vida, nosso amor.

Você gostava de me ver dormir e eu amava sua cara meio sem graça quando eu dizia “Cala boca, seu idiota. É você que eu amo” no meio de uma DR.

Lembro que, em um sábado de outubro, você disse que eu não fazia ideia do tanto que você me amava. Rebati dizendo que sabia, sim: era exatamente a metade do amor que eu sentia por você. Então, você me fez prometer que nunca lhe esqueceria.

Droga! Eu não deveria ter prometido isso.

Não é que eu quisesse te esquecer, mas logo eu, que nunca fui boa em cumprir promessas, me fiz refém de uma.

Sempre achei que o destino fosse nosso amigo… Afinal, me fez cruzar o seu caminho e me fez sentir toda aquela loucura de amor outra vez. Você me roubou o sono, me deu taquicardia e tremeliques repentinos. Eu estava realmente feliz e não ligaria de passar todos os meus invernos ao seu lado mas, para o meu desespero, o mesmo vento que te trouxe, te levou.

O nosso amigo nos deu uma rasteira e, de um jeito desajeitado, a vida separou o “nós” sem aviso prévio.

Eu não queria que você fosse, mas você foi.

Minha estante está vazia. Meu corpo precisa de cuidado. Toda tequila que bebo é uma tentativa frustrante de queimar toda saudade que se fez aqui dentro. Desde que largamos nossas mãos, meus dias andam cinza e embriagados.

A trilha sonora do meu quarto não toca mais seu disco favorito. Você se foi, mas continua dentro de mim.

Eu sei, preciso recomeçar, mas deixa eu curtir só mais um pouco a sua ausência. Você ainda está aqui e eu não posso simplesmente te expulsar (na verdade, nem consigo). Então, te deixo aqui, feito um inquilino barulhento que grita o tempo todo no meu ouvido e me impede de dormir.

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